sábado, 15 de maio de 2010

Notícias do eu-profundo

O meu eu-profundo é um tanto quanto superficial, superficial de superfície mesmo, é que está tudo na cara, óbvio. Meu eu-profundo é um ente abstrato que de tão complicado tornou-se claro aos olhos de outros eus-profundos. Meu eu-profundo nunca é esquecido, porque é a face que aparece no espelho, quando minhas objetivas verdes tentam capturar a essência do que sou por fora. Meu eu-profundo às vezes se demora em minhas entranhas – é quando chega mais fundo – e logo retorna aos poros da pele, que é o seu lugar, onde eu respiro. O meu eu-profundo tenta ser razoável, mas na maior parte das vezes é apenas medíocre. Meu eu-profundo não recebe notícias de si mesmo, porque, sempre com a cara na vidraça, é testemunha de realidades inventadas. Meu eu-profundo é aquele que expira, a cada instante, dentro de mim, dona de um eu-profundo fotofóbico, já que exposto ao sol, exposto à luz. Exposto.