segunda-feira, 23 de abril de 2012

ano do dragão, dia de são jorge

2012 não é o fim do mundo, pensou, quando acordou no primeiro dia do ano, paula azevedo e silva pais de melo. estava lá ela inteira, com todos os seus quatro sobrenomes, mais a preposição de e a conjunção e que os compõe. ao seu lado, um vestido colorido, ainda molhado da chuva do reveillon de copacabana, e promessas de uma grande virada em sua vida. tinha lido em algum lugar que era ano do dragão. imagem bonita, disse, mas não conseguiu entender o que o ano do dragão significaria. estava dentro do ônibus e a banca de jornal e suas letras garrafais passaram voando. e aí o ano começou. sendo do dragão, metia-lhe algum medo. alguém lhe disse que era morte-mudança-renascimento. tendo medo de morte e mudanças resolveu esquecer essa história. começou a acreditar que muitos milagres podem ocorrer ao mesmo tempo. começou a esperar a morte com um sorriso no rosto. começou a rir tanto que a morte dela se assustou e o dragão deu-lhe um ano de mudanças e renascimetos. no fim de 2012, ela olhou-o de alto a baixo e disse: comece de novo, senhor.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

abre los ojos

hoje eu acordei assim:
precisando de uma vela (já que era noite)
precisando de um café (já que tinha o dia pela frente)

hoje eu acordei assim:
querendo dormir de novo
querendo ter acordado cinco minutos antes

hoje eu acordei assim:
rosnando, sibilando e dançando a noite escura de ontem

hoje eu acordei assim:
pensando que ontem não
hoje sim

hoje eu acordei assim:
querendo tudo ao contrário
exigindo o melhor
me dando mais

hoje eu acordei assim:
querendo que ontem fosse hoje e amanhã e sempre
lembrando dos fogos de artifício
celebrando, mais uma vez, ano novo

hoje eu acordei assim:
voltando ao princípio
querendo tudo do início

hoje eu acordei assim:
de volta ao sonho
ao travesseiro
ao amor
porque deixar a cama nunca é melhor
se estou contigo