sábado, 15 de maio de 2010

Notícias do eu-profundo

O meu eu-profundo é um tanto quanto superficial, superficial de superfície mesmo, é que está tudo na cara, óbvio. Meu eu-profundo é um ente abstrato que de tão complicado tornou-se claro aos olhos de outros eus-profundos. Meu eu-profundo nunca é esquecido, porque é a face que aparece no espelho, quando minhas objetivas verdes tentam capturar a essência do que sou por fora. Meu eu-profundo às vezes se demora em minhas entranhas – é quando chega mais fundo – e logo retorna aos poros da pele, que é o seu lugar, onde eu respiro. O meu eu-profundo tenta ser razoável, mas na maior parte das vezes é apenas medíocre. Meu eu-profundo não recebe notícias de si mesmo, porque, sempre com a cara na vidraça, é testemunha de realidades inventadas. Meu eu-profundo é aquele que expira, a cada instante, dentro de mim, dona de um eu-profundo fotofóbico, já que exposto ao sol, exposto à luz. Exposto.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

gosto se discute, desgosto é que não tem jeito

gosto de frases curtas e amores longos.
gosto de gostos ocres e beijos doces.
gosto de fugir e de encontrar.
gosto de causar incêndios e de falta de luz.
gosto de frio na espinha e de calor nos pés.
gosto de amarelo e de apagar as outras cores.
gosto de portas, pra ir embora e pra voltar.
gosto de chão pra olhar o céu.
gosto de céu pra pensar em ti.
gosto de carinho pra fazer.
gosto de arranhão, palavrão e rockn'roll.
gosto de flores plantadas.
gosto de coisas fúteis, porque pensar dói e eu quero é ser feliz.
gosto de coisas importantes e de quem quer mudar o mundo.
gosto de cafés e cigarros.
gosto do meu trabalho, de ser isso aqui e de saber que tudo isso vai mudar.
gosto de saber que nada é para sempre e que meu amor é eterno.
gosto de pensar em ir embora e de ver que aqui é o meu lugar.
gosto de tudo isso. porque gostar é fácil, díficil mesmo é não gostar. não gostar acaba comigo. não gosto quando não gosto. isso é que é des-gosto.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

no secrets for you all

minha vida são dois livros abertos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

sobremim 2010

depois de você, tudo ficou amarelo. e eu, pálida-pálida, comecei a enxergar o ouro varrido pra debaixo do tapete. quanta coisa esqueci de mim::: a paisagem da minha janela não mudou nada - o mar continua lá-, meu livro preferido eu reli, e continua muito bom, meu cabelo é castanho escuro, ainda. as unhas mudam de cor a cada sete dias, mais certo do que eu ir à missa aos domingos. a vaca é mesmo o animal mais sagrado e tenho certeza que é uma grande filósofa. dancei tanto que derreti. caí nos braços de um cavalheiro e estou bailando feliz até hoje. não sei se quero sair no jornal ainda, talvez meu nome nos créditos já esteja bom. à china eu ainda vou, mas vou dar uma passadinha na rússia, antes que se acabe o climinha vermelho que ainda resta. comecei a ler outras coisas, abandonei velhos cânones - meus canônes - e elevei a futilidade a um altar de musas, em que estão também a fé, a alegria, a cultura. pode parecer contraditório, mas sou afeita à ideia de que só a futilidade salva (às vezes). é quando me dá vontade de sair bonita por aí, rindo e sendo mais feliz que nunca, porque a cabeça não pesa e estou anestesiada das coisas tristes que me congelam o olhar. mas não sou joana darc, então meu libelo fica só entre nós, ok?

lamento-blues

é que quando a música parou e a vida começou você não estava aqui. e nem a música mais triste, o blues mais blue, daria conta do vácuo que você deixou quando partiu. porque era pior que silêncio, era pior que vazio. era um buraco. e não há nada mais cheio de vazios que essas covas profundas na terra, em que não estou enterrada mas continuo a olhar o céu que não é azul só para mim. pois quando você partiu, a música ecoou pela última vez, meu sangue correu quente pela última vez e parece mais é que morri. se não era música, era vida, agora tudo acabou; não há música, não há vida. aqui, só o oco de mim.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

vácuo

tédio é quando o que vc quer fazer não existe.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

presente

eu queria que amanhã fosse perto