quinta-feira, 1 de agosto de 2013

de esperanças e caminhos de poeira

é porque não há caminhos que aqui estou. o que há são tijolos, cimento e cal. trabalho. o que há é um sol que formiga a pele e me faz sentir. ou a chuva que reforça a lama. e aí vc me pergunta: o que foi feito de ti, tantos séculos depois? pergunta certa, pois a vida assim levou-me mais que minha juventude. te respondo com uma lágrima no olho esquerdo porque chorar num olho só é pecado dos indignos. te conto que perdi a volta para o paraíso, que saí por aí pescando sonhos e daí nada mais me aconteceu. e foi?, perguntas. te digo mais, agora só verdades: digo que encontrei o amor, mas ele deu a volta em mim, arrodeou, fez que ia não foi, voltou, entrou foi pela boca, que as entranhas é que são o lugar dele. te digo que me alimentei de poeira e poesia. te digo ainda que os adeus só valem quando se dá com a cara na porta, quando os correios devolvem as cartas e as ideias não conversam mais, mesmo distantes. te digo que o amor é uma esperança, um inseto delicado que só pousa em corações fortes. há que cuidar, sem apertar, sem deixar morrer.

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