quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
histórico de um amor cruel número 2
falamos de vc enquanto tomávamos um café com chocolate. fumaças minha e dele se misturando, nos unindo pela respiração. alguma chama nos olhares, incerta. as chamas dos cigarros eram mais estáveis, mesmo com uma duração tão curta. todos no café nos olhavam. não era para estarmos juntos. o filme ia começar, mas já tínhamos visto há uns dias atrás. nosso vício era o café, o cigarro e a companhia um do outro. isso maltratava você, a quem julgávamos morta. mas não. retornastes do outro lado querendo vingança. dei minha cara a tapa: o lado direito, o lado esquerdo. doeu um pouco, uma doída gostosa e merecida. ele já não importava. eu não queria paz, queria mesmo era que também ele sofresse. não éramos duas a disputar um amor. eram duas mulheres a brigar. e para nós, brigar, essa histeria toda, era parte dum charme a que esperávamos recompensas. ele acabou me escolhendo, o grande prêmio. fiz por merecer. pra vc agora, que se dói toda, é de novo uma perda. vc perdeu. mas eu ganhei, ganhei duas vezes: um amor novo e uma inimiga. não preciso de mais nada. obrigada, querida.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
histórico de um amor cruel número 1
Falamos de vc. Contei uma piada sem graça, ele riu, bem-educado. Tomamos um café. O cigarro não fumamos. O filme ia começar. Sentamos juntos. Braço colado, dando uma sensação de falta de espaço. Alguém sobraria nessa história. Precisávamos tirar vc da cabeça. Vc atrapalhava o filme, o nosso filme. Na tela, a mocinha morria antes da primeira meia hora de sessão. Você também. Chorávamos, emocionados, eu e ele. Era tudo por vc, que não faria mais parte da história. Naquele momento, um novo amor começava. Se extraia da morte, condensava-se com os beijos não dados ainda e se mantia forte por estar diretamente ligado à derrota de alguém. Pena isso, pena. Mas o fato é que o amor não tem redéas e pode machucar porque seus dentes são de cavalo selvagem e seu galope não é de ferraduras. Solto, o amor até mata. Assim como matamos vc.
vontade
vontade de pular amarelinha
de fumar um cigarro lá fora
vontade de queimar esse caderno e viver (mais)
da noite virar dia logo
vontade de roubar essa caneta, fazer algo proibido
vontade de não comer e não dormir
vontade de amanhecer e ser o sol
de anoitecer e ser a lua
vontade disso e daquilo
vontade de parar por aqui porque a vida é boa, vc é lindo
e eu estou aqui
de fumar um cigarro lá fora
vontade de queimar esse caderno e viver (mais)
da noite virar dia logo
vontade de roubar essa caneta, fazer algo proibido
vontade de não comer e não dormir
vontade de amanhecer e ser o sol
de anoitecer e ser a lua
vontade disso e daquilo
vontade de parar por aqui porque a vida é boa, vc é lindo
e eu estou aqui
sábado, 24 de janeiro de 2009
baxô a balarina
baxô a balarina. façam silêncio. eu preciso dançar. música não há. o espetáculo não será aplaudido. ela existe dentro aqui, a balarina. é silenciosa e perfeita, mas não pode ser machucada. toma cuidado com tudo, principalmente de seus pés. a locomoção é importante. com seus pés, flutua. e nem precisa de asa. leve como uma pluma - como a balarina se acha-, ela dança. ela só pesa aqui. acho que sou ainda mais leve que ela. essa balarina que mora dentro de mim pesa uma tonelada, mas só eu sei. só eu sei. qualquer dia eu deixo ela sair por aí, dançando. e junto vou eu. sendo mais feliz que nunca.
domingo, 11 de janeiro de 2009
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
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