quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
histórico de um amor cruel número 3
Nosso amor delicado tinha a crueldade de plantas carnívoras e a existência de tulipas. Escolhemos as tulipas. Tentávamos, em vão, esquecer esse signo Escorpião que está embutido nessas coisas verdes que comem insetos. Até esperanças são devoradas, não importa se são verdes. Eu perguntava a ele, chorando: até as esperanças? Ele: até as esperanças. Eu: o que restará de nós, no fim de tudo? A vingança inesperada de tulipas azuis ou a maldade óbvia das plantas carnívoras? Ele: não restará nada. Eu pensei: Morte súbita do nosso amor? Nem para ter um fim digno. Eu quero, ao fim, destroços. tulipas despedaças, maquiagem borrada e tudo o mais. quero um fim que dói, para justificar os esforços, a traição, um outro fim dele, um outro amor meu. quero tulipas secas, uma luz baixa e nina simone cantando às borboletas. borboletas que nunca seriam pegas pela crueza de uma planta, e nem pelos simbolismos. eu quero um fim borboleta, lagarta, casulo. sem pensar muito, quero voar baixo no jardim e te transformar em gnomo. quero vc perto de mim. ainda que este seja o fim.
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